ARQUIVO 4 - LIVRO - UNIVERSO DE VERSOS

Livro infantil: UNIVERSOS DE VERSOS

(Poeminhas sobre coisas e bichos)

textos de Luiz Claudio M. Santana

AS CONCHAS Repare bem as conchas no branco lençol da areia. Leques de louça ou porcelana, presentes da maré cheia. Nelas, Deus nos mostra seus dons suaves de artista: pintou uma por uma nos tons mais diversos. Em riscos e traços, traçou universos.

OS CAVALINHOS Galopando ao ar livre, pula o cavalo branco, levantando a crina no vento: leve pena sendo levada. No sossego da estrada, sossega o cavalo negro: o negro pêlo suspenso pela brisa delicada. O cavalo de cor castanha ginga na manhã de domingo: respingo moreno no sereno da montanha.

ESTRELAS Brincos da noite a enfeitarem as orelhas do mundo, sorriem as estrelas mesmo quando o tempo não nos permite vê-las!

O PELICANO O pelicano, se não me engano, quando criança, tem a cabeça branca e é todo arrepiado. Pela manhã, debaixo do sol, parece um astro do rock n’ roll.

VIOLETA Em forma de flor Deus folheia, sabiamente, seu livro de amor. A violeta viola o sentido falho da gente violenta.

TRÊS GOLFINHOS Três golfinhos bailam no mar. Ficam de pé, rodopiam. Vivem de bem com a vida. Passam o dia a cantar. São donos da liberdade, têm uma justa amizade e o céu cor de carmim. Que podem querer mais três companheiros assim?

AS FOCAS Olhe que bela reunião sobre a pedra decorada de musgos! Três moças finas se banham. Três amigas sinceras se dão. Banham-se de sol a sol na liberdade que a natureza lhes deu. Quando juntas se encontram, que rola na toca? Fofoca!

A BALEIA BRANCA A baleia branca é um ser belíssimo; de uma beleza rara, quase em extinção. Como uma noiva clara, embelezando altares, sua brancura espalha caprichos nos mares. Sob a clareza do dia, a baleia cor de neve escreve seu lado poesia na poesia dos silêncios.

LUAR Luar que clareia as estradas as pontes as fontes as verdades os sonhos e os animais sem luz. És tão sublime em tua missão de iluminar! És um véu a deitar-se de branco sobre a cabeça da noite.

SIRI O siri engraçado anda todo desengonçado, corre para o buraco mas não tropeça nos pés. (E olhem que são dez!) Quando a maré enche ninguém o encontra. Até o camarão, seu vizinho, querendo bater um papinho, pergunta: o siri se esconde? Onde?

UIRAPURU Cantiga sonora no meio da mata; ave canora em sua voz de flauta. Encanto macio, entoando a sonata; ave cristalina em sua voz de prata.

ÁGUA DE RIACHO Água de riacho, fresca e limpa pelo morro. Desce com seu carinho nas mãos do velho nas mãos do novo. Água de riacho: em suas delícias, escorre no tempo sem dar notícias.

GAIVOTA Passeando no azul a gaivota flutua. Parece uma pena, um pensamento em busca da luz da lua.

O URSO BRANCO O urso polar é de uma brancura tal nunca foi vista em qualquer outro animal. Olhando-o lá de cima, é bem difícil vê-lo, pois só se vêem dois olhinhos a se moverem no gelo. Assustado, sem direito a discurso, impossível saber ao certo onde começa a neve, onde termina o urso.

ESTRELA-DO-MAR A estrela-do-mar traz no seu olhar um retrato em verde do oceano mais profundo. A estrela-do-mar possui cinco braços que sempre se abrem para abraçar cinco vezes. Abraça a felicidade! Abraça a felicidade! Abraça a felicidade! Abraça a felicidade! Abraça a felicidade!

O GORDINHO SIMPÁTICO O elefante, dançando funk, dá um show no seu quintal. O elefante, na sua prancha, só faz manobra bem radical. E no skate, quem é o bamba? Quem é maneiro? Quem é o tal? De terno e gravata, e sapato brilhante, não tem pra ninguém: O elefante garante ser galante também.

TICO-TICO Roupinha riscada em penugem de seda assim se veste o tico-tico. Sob este traje vive um menino; jeitinho moleque de ser pequenino. Companheiro miúdo, caro amigo, tico-tico, andas feliz com tudo, levando a vida no bico.

PEIXINHO O peixinho que passeia entre as plantas do oceano parece sozinho, largado; parece que o mundo o esqueceu. Vive distante de tudo, nada tão longe de todos. No fundo, não sabe o peixinho que há um poeta lá em cima olhando por seus caminhos.

VAGA-LUME Vagando na noite escura, o vaga-lume parece um bêbado, andando sem rumo, parece voar solitário. sem ternura. Porém, não se trata disso: o vaga-lume, feliz como ele só, bebe o orvalho, dá uma pirueta antes de pousar no galho. Depois de ter pousado, fica como um sinal luminoso. Ouvindo a música da noite, dança um pagode gostoso. Até que, cansado, e quase sem energia, para que fique iluminado, a madrugada lhe traz a luz do dia.